sexta-feira, 6 de abril de 2012

Perfume

Devotos somos
ou seremos?
devotos tolos já fomos
ou queremos?
No singular que desliza em frases mortas
restrinjo ao leve mormaço do sol frio
abaixo as pestanas num vulgar arrepio,
desafiando os heróis vencidos.

Morre a frase, morre o demente, e acima de tudo morre o poeta...
Com loucuras latentes
mas reversas,
e aleatórias,
das estórias ,
que fizemos um dia.

Adeus?
Assim foi quando parei no substantivo oculto
no abstrato vivo;
mas ainda tem um livro,
que não termina,
nem desafia
a breve utopia
de fazer serenatas quando tudo terminar.
Ou esperar,
que a ventania passe,
e ver,
quando o seu céu, for estrelar...

Por Walcyr de Sá
do livro "Aos Serafins, Querubins e os Arcanjos"

Imagem de Prata

As ruas são de prata
e novamente o espelho reflete
uma imagem insolente
de um simples vagabundo
num naufrágio ávido.

as plumas caem feito neve
em meu povo
e novamente o espelho reflete
uma imagem insolente
de um vagabundo com fome
e ele some
some na multidão
de um naufrágio perdido
sem emoções
sem perdão
sem o filho
e o espírito santo...

por Walcyr de Sá
do livro "Aos Serafins,Querubins e os Arcanjos"
escrita em 1994

Criações Destruídas

Criações mútuas que destroem
vagabundas que possuiram;
dos moribundos que vagueiam,
porquê criaram o tiro ?
Criaram casas, edifícios e barracos,
e abordaram o fracasso.

Os figurões...
papéis que divulgam
suas espécies e características;
metábole de duas caras
sendo uma a pervesidade
a outra sacanagem...

Criações mútuas
vagabundas,
dos moribundos que castram,
rematam,
aliando-se a torta direita,
já não são mais os mesmos,
quem são ?
Já nas políticas
          políticos
          profetas
          semideuses
Por um desejo tavez,
de ter dinheiro.

Criarei um herói
um porta-voz
para adolescentes incompreendidos
que por nós
clamará a politicagem,
com chantagem de todos os salaf'rários
que por pouco vejo a desilusão
dos charlatões que transfiguram
minhas emoções de ver,
um país melhor
que tanto se destrói...

Por Walcyr de Sá
Do livro "Altarboz" em 1987 ( críticas sociais )

Espelho Carnal

As luzes se apagam
quando os olhos se fecham.
Os controles explodem
quando renasce o amor.
os sentidos se fecham
quando vozes calam
dizendo por favor.
Os rios banham
os amantes com forma de autor.
O autor ensina
e lacrimeja seus ensinamentos,
por ver o quanto ele deixou.
Acenderam as luzes, as vozes,
os movimentos carnais
de amantes consolados,
de amantes abraçados,
de securas inconstantes e sinceras,
severas de duas linhas.
Conto nos meus dedos o que ensinei,
e salientei por poucos instantes;
por decorridos sorrisos de alegria,
de espera,
de euforia,
de espera...por uma grande estesia,
ou por uma grande fantasia de amor...

Por Walcyr de Sá
do livro "Altarboz" em 1987

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Palmas

Um contexto sórdido e medíocre,
Mas ainda bato palma;
aplausos à demagogia interna,
aplausos à soberania externa.

Atenção aos nazistas e fascistas,
idealistas daquela anistia sem compreensão.
Porque eles mataram meu irmão?

Bato palma a mórbida república,
de demagogos,
de exploradores republicanos...


Por Walcyr de Sá
do livro Altarboz produzido em 1987 em  ( críticas sociais ).
Escrevi essa poesia em 1982 no período da ditadura.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Outrem

Um novo retrato
de um cidadão comum
um novo relato
ao objeto incomum.
das harmonias deflagradas
relatadas,
um novo sujeito
sem jeito
de recorrer a quem !
Doutrem possível querer
                                      Me faz bem.

Outrem divina fé
composta anedota
do perfil de um idiota
sem possível, sendo incrível
sendo a quem !
Por quem jamais disse a verdade
sobre a minha idade
                                      Ligada a puberdade.

Feliz de quem relembra
as travessuras
as figuras
as viaturas
de um naufrágio frígido
frágil...que se acabou.

Por Walcyr de Sá
do livro "Altarboz" em 1987

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Diálogo desesperado

E daí !!
Viagens e daí !!
Passeios e daí !!
E daí !!
E daí !!
Nunca é prá mim !!
Num assovio,
E daí !!
Nenhum assunto...
Depende ??
Depende !!
Depende !!
Depende !!
Claramente falamos e esperamos
Mas nada se revelou,
Se clamou,
Fluentes imagens que aparecem,
que teias virão,
que gosto estava,
que maldade,
que saudade,
quem são - por que razão !?
Dependeu do lugar ?
Dependeu do andar ?
Que ficamos !!
Esperamos !!
Dependeu muito,
Hora terminada,
Hora desesperada e determinada
Porque? Porque ? Porque ?
Ainda preciso terminar !
Quando,
Depende ?
Tchau, Tchau, Tchau...

Por Walcyr de Sá
do livro "Altarboz"

sábado, 21 de janeiro de 2012

Queiras

Queiras,
mais uma vez perdoar
os fariseus da baixada favelada.
Queiras,
mais uma vez escutar
o canto das hienas peladas.
Queiras,
mais uma vez acreditar
que todas as bundas säo iguais.
Queiras
mais uma vez matar
a desconcertante das atitudes atuais.
Queiras,
pela segunda vez
salvar o tonto
que percorre na fè de sua peregrinação
acreditando nos dizeres de São Sebastião.
Queiras,
pela útima vez
ver quem foi o ateu de Atenas
que relembrou da morte serena
do fariseu que nasceu no poente
da vida cedente
da prosa inocente
do doente da síndrome de down
que acabou de descer as escadas do inferno
esquivando-se
das chamas do mal...

Por Walcyr de Sá em críticas sociais ( cidade do Rio de Janeiro )
do livro " Aos Serafins, Querubins e os Arcanjos "

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Mariposas

Elas voam,
e desmancham o céu de anil,
saimos dispersos,
a cada segundo de sobrevivência,
das incoerências,
da vergonha atingida,
foi na segunda saída,
duma nostalgia.
Da dança que nos rege,
as regras que nos impõe,
faz a desgraça subjetiva,
dos nossos farrapos...

Elas voam,
as mariposas voam,
a angustia aumenta,
na cidade sangrenta,
do que mais me contenta,
se vou viver,
pata libertar os meus,
as minhas,
as nossas...
Nostalgica celebração,
de voltar ao lar,
que as mariposas nos trouxeram,
nos deixaram,
e que, em sua volta,
ela possa dizer,
que era um anjo...

Por Walcyr de Sá
do livro "Depois do Sol"   em críticas sociais ( 1994 )

Romance de nel-franzine

Hoje eu queria estar nas nuvens
e beijar o chão que piso.
Hoje irei escrever a mais linda poesia para você
e me deitarei no espaço
acolhido em suas mãos.
Percebi que sem querer
estava escrevendo em meus sonhos
o romance de nel-franzine
e me esquivei nos tormentos do luar
para deixar e me apaixonar.
Hoje darei a você
todas as minhas poesias
e mais uma caixa cheia de saudades...
Juro!! que nunca imaginei
que todos os românticos
são alvos da solidão
mas verdadeiramente são cheios de compaixão
no coração,
porque somos amantes da vida humana
e temos coragem de amar.
Gostei de ser um poeta,
para oferecer uma poesia,
a essa mulher que vive em minha vida,
gostei de mover as ondas,
e desenvolver as marés, e toda maresia...
Gosto somente de lhe oferecer,
essa pequena  poesia
e que ela seja
uma grande nostalgia
em nossas vidas...

Por Walcyr de Sá

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A segunda tempestade

O chumbo, que tão cinza estava
coloriu a risada dos sinceros
que se mostraram ao velho universo coberto
da desgraça das garças amarelas.
Estela uma vez me falou
que todo branco ficaria negro
se não olhasse para dentro de si mesmo...
Respondi em desespero :
- Por favor não me mate !
- Por favor não me abata !
Pois minha raça será a quinta da praça na Candelária...
E novamente veio comigo o sorriso mais lindo, do menino caído,
no chão de barro,
para arcos nublados,
para quem foi assassinado...
E para o céu se foi
o mais sacrificado dos seres humanos;
pois seria o único
a nos salvar,
e eles o mataram
sem ao menos perguntar,
se um dia cairia
a segunda tempestade,
a terceira fogueira,
a quarta facada,
de um réu , caído na Candelária...

Poesia feita em homenangem às crianças que foram assassinadas na Candelária , por um grupo de extermínio no dia 23 de julho de 1993.

Por Walcyr de Sá em críticas sociais
do livro "Aos Serafins, Querubins e os Arcanjos"

Imensidão de outrora

Pedra preciosa,
côr rosa ou pêssego,
em seu desejo,
sofro na certeza da escuridão...
Emoção leve,
emoção breve...
O desejo retrai meus sentidos,
meus unidos, meus vertigos.
Ouço meu mundo,
que certeza tenho,
daquilo que entendo...
Entendo que o amor,
tráfega em prantos,
em cantos,
e reluz,
brevemente calado na imensidão de outrora,
que tudo tenha sua hora,
quando ela vier...

Por Walcyr de Sá
livro "Aos Serafins,Querubins e os Arcanjos"

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Cordilheira dos Andes

Nenhuma estrela apodrece
sem que as onomatopéias estejam viajando,
pela cordilheira dos andes.
Nenhum vagalume apaga,
sem ter ido a alguma direção,
pois nenhuma pessoa vive,
sem ter uma grande paixão...
Pois nenhuma psicologia,
por mais retardada que seja,
deixará os plebeus morrendo de fome.
O horizonte de cada guerreiro
e nada mais, nada menos,
cavalgadas no relento;
um breve momento, para o oceano que deixou de dormir...
Um breve momento,
 para os que sofrem,
sem ter um pedaço de pão,
que Cristo repartiu,
entre seus irmãos...
Eles oferecem a sopa do castigo,
ao pobre inimigo,
esquecendo do desatino,
dos que estão esquecidos.
Morreremos se não tivermos, o som dos pássaros,
a cantiga do mar...
Por fim as estrelas ficarão podres,
porque o filho da cegueira,
estará totalmente morto,
perante a cordilheira dos andes,
restando somente para o mundo,
o recado de Nietzsche,
me dizendo que o mais torto e incomum
e o calafrio dos miseráveis,
a sombra da calamidade que existe,
a textura dos insaciáveis parasitas,
que se prontificam em versões abusivas,
para pobres homicidas, que imploram por um prato de comida.
No fim de suas palavras,
ele me deixou tão triste,
que acabei dormindo debaixo d`água,
lembrando da última frase,
que somente um homem,
rezou pela verdade...

Por Walcyr de Sá
do livro " Depois do Sol " em críticas sociais.

Provérbio de matos raros

Toda beleza de um soneto
é o provérbio de matos raros
aros
convém
em cruzes
que diz, lá vem o amor
que se cansa com a dor
de toda certeza do meu ego
espero
e recebo bem.
Sou mais um amado
dos fados
pralhem
ou raros
os fados
do amado
salém
que espero
por amar
a mulher
de toda beleza
que se colhe dentro de um profundo amor...
Amor que a riqueza da água levou...
sem perguntar
se alguém
me amou...
me amou...

por Walcyr de Sá

Acabalisticamente

Acabalisticamente
vegetamos em poses,
acabalisticamente pousa uma salvação,
de tiragens, de vozes...
Salve os vertigos,
salve os sonâmbulos,
os derradeiros,
os devaneios de prantos...
O rio paira em Márica,
e lá vou eu, deixando que tudo não acabe em tropeços
em verbos, em grãos satíricos.
Acabalisticamente,
minha luz se vai,
buscando quem eu nao conheço
só o tropeço das pedras no caminho
ou sozinho no ninho.
Acabalisticamente,
rogo ao salvador,
minha canção
prazo de emoção
que minha luz busca e prega,
em raios na primavera...

Por Walcyr de Sá