quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A segunda tempestade

O chumbo, que tão cinza estava
coloriu a risada dos sinceros
que se mostraram ao velho universo coberto
da desgraça das garças amarelas.
Estela uma vez me falou
que todo branco ficaria negro
se não olhasse para dentro de si mesmo...
Respondi em desespero :
- Por favor não me mate !
- Por favor não me abata !
Pois minha raça será a quinta da praça na Candelária...
E novamente veio comigo o sorriso mais lindo, do menino caído,
no chão de barro,
para arcos nublados,
para quem foi assassinado...
E para o céu se foi
o mais sacrificado dos seres humanos;
pois seria o único
a nos salvar,
e eles o mataram
sem ao menos perguntar,
se um dia cairia
a segunda tempestade,
a terceira fogueira,
a quarta facada,
de um réu , caído na Candelária...

Poesia feita em homenangem às crianças que foram assassinadas na Candelária , por um grupo de extermínio no dia 23 de julho de 1993.

Por Walcyr de Sá em críticas sociais
do livro "Aos Serafins, Querubins e os Arcanjos"

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